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Ex-secretário de Amazonino Mendes, o novo presidente da Comissão Executiva Municipal do PT, Vital Melo, não poupa nem o seu ex-chefe nesta entrevista ao PORTAL DO ZACARIAS em que ele ataca o prefeito de Manaus, Arthur Neto, e destaca o projeto nacional petista sob a batuta da presidente Dilma Rousseff. Ele faz questão de frisar sua posição independente dentro do PT, e desabafa: “Minha eleição não dependeu de ninguém. Se fosse depender dos grandes ícones da política da cidade de Manaus, não teria vencido a batalha que venci. Não dependi de Praciano, de Zé Ricardo nem de Sinésio. Fora do partido, não dependi do ex-prefeito, do ex-governador nem do atual governador. E não gastei dinheiro, pois era liso e confiado”.

Por J Taketomi, editor de Política do PORTAL DO ZACARIAS

PORTAL DO ZACARIAS – Eleito recentemente para dirigir a Comissão Executiva Municipal do Partido dos Trabalhadores, qual será a estratégia do partido com relação às eleições de 2014 no Estado do Amazonas?

Vital Melo – A minha posição é a seguinte: é a de trabalhar com a base de sustentação do Governo Federal. E nesse processo o único que está fora dessa base é o prefeito Arthur Neto. Ele não está dentro do nosso projeto. Quem está dentro do nosso projeto é o governador Omar Aziz, é o senador Eduardo Braga e toda a base aliada, a base que apoia a presidenta Dilma Rousseff.

Portal – Na hipótese de o governador se candidatar ao Senado e apoiar outro candidato ao governo que não seja o senador Eduardo Braga, com quem o senhor ficaria?

Vital – Eu ficaria com o nosso governador Omar Aziz, um cara que é extremamente sensível às pessoas. Para mim, ele é o cara que foi ao interior do Estado e conseguiu fortalecer o setor primário, ele conseguiu fortalecer a segurança e colocar em prática uma importante política de desenvolvimento econômico numa outra perspectiva. Ele é o cara das grandes obras, como o nosso ex-governador foi também; o Omar conseguiu estabelecer um amplo diálogo com todas as forças políticas do Estado, de maneira que, se ele fosse oposição, não teria problema com ninguém. O que me norteia hoje no Estado do Amazonas é o nosso projeto nacional. E se ele estiver do lado da presidenta Dilma, eu estarei junto com ele.

Portal – E se o Omar não estiver com a Dilma?

Vital 
– Ele estará, sim, porque ele sabe que hoje o melhor projeto para este país é o projeto do PT, o projeto da presidenta Dilma.

Portal – Mas caso o presidente da Comissão Executiva Estadual, Valdemir Santana, tomar outro caminho, o senhor manterá a sua postura atual?

Vital – Apoiarei o governador Omar Aziz se ele apoiar o nosso projeto nacional, aí eu estarei junto. Esse é o nosso divisor de águas. O projeto nacional do Partido dos Trabalhadores é muito mais importante do que qualquer outra coisa, é mais importante do que as nossas pequenas divergências internas no Estado do Amazonas.

Portal – Então, ao contrário do Valdemir Santana, que defende candidatura própria ao governo do Estado, o senhor condiciona o seu apoio ao governador Omar à questão do apoio dele, e do candidato que ele apoiar, ao projeto nacional do PT para o país...

Vital – Eu acho que é uma questão de lógica. Hoje nós somos liderança do Governo Federal, temos várias secretarias no Estado e trabalhamos para o nosso projeto nacional. Não seria neste momento que nós iríamos romper.

"Ele (Valdemir Santana) não foi meu cabo eleitoral, nossas campanhas foram
independentes.  Eu atribuo a minha eleição a muito trabalho. Eu visitei  três mil
eleitores.  Mas eu acho que  a base  do  partido hoje está  clamando muito por
mudanças, mudanças que restabeleçam  práticas democráticas como os
debates que eram uma constante e agora sumiram dentro do partido."

Portal 
– Valdemir Santana estaria equivocado com relação a sua posição em favor de candidatura própria ao governo estadual?

Vital
 – É a opinião dele. A opinião da Comissão Executiva Municipal é outra coisa, é outra opinião, nós temos vida própria. O Partido dos Trabalhadores forja lideranças e o Valdemir é uma opinião que não é a minha. A minha opinião pode até nem ser a opinião geral do partido, mas a minha opinião é marchar com todos aqueles que apoiarem o projeto nacional do governo petista. E hoje o Governo Federal e o governador Omar Aziz são parceiros, o Governo ajudou a construir a Arena da Amazônia, está ajudando a duplicar a Estrada Manuel Urbano, ajuda a construir o anel viário de Manaus, está construindo o maior projeto de educação deste país que é a Cidade Universitária. Logo, nós não vamos romper o nosso diálogo só porque alguns querem a candidatura própria e outros não. A candidatura própria é uma conjuntura que se constrói. Mas, em termos de candidatura própria, quem seria o nosso candidato? Me apontem o candidato. Se a questão da candidatura própria estiver na lógica do nosso projeto nacional, nós poderemos discuti-la, com certeza.

Portal
 – O Valdemir foi cabo eleitoral seu na campanha para a conquista do Diretório Municipal. Hoje, o senhor tendo uma posição e ele outra, isso não configuraria um racha entre ambos?

Vital 
– Ele não foi meu cabo eleitoral, nossas campanhas foram independentes. Eu atribuo a minha eleição a muito trabalho. Eu visitei três mil eleitores. Mas eu acho que a base do partido hoje está clamando muito por mudanças, mudanças que restabeleçam práticas democráticas como os debates que eram uma constante e agora sumiram dentro do partido. Debates que envolviam a questão das mulheres, a juventude, a formação de novas lideranças nos bairros, os movimentos sociais.

Portal
 – Quer dizer que o senhor não deve a político nenhum a sua eleição à Comissão Executiva Municipal do PT?

Vital
 – Não devo, não. Eu trabalhei muito. Se eu fosse esperar por outros meios, eu não seria eleito. Se fosse depender dos grandes ícones da política da cidade de Manaus, não teria vencido a batalha que venci. Não dependi de Praciano, de Zé Ricardo nem de Sinésio. Fora do partido, não dependi do ex-prefeito, do ex-governador nem do atual governador. E não gastei dinheiro, pois era liso e confiado.

Portal – O senhor foi candidato a vice-prefeito da senadora Vanessa Grazziottin em 2012. Qual é a sua análise sobre a administração do prefeito Arthur Neto?

Vital
 – A minha análise é muito crítica e pesada. Respeito a opinião da cidade que se manifestou por um determinado nome em 2012. Se a cidade decidiu assim, eu respeito. Mas a proposta do atual governo municipal é uma proposta baseada nos marqueteiros. Inclusive, durante a campanha política, ele (Arthur Neto) maquiava tudo, o projeto do BRT dele é uma maquiagem do projeto Expresso do Alfredo Nascimento, e uma maquiagem grosseira, muito grosseira. A administração do Arthur é baseada no ilusionismo, no estelionato eleitoral. Ele falou que em 100 dias colocava água em toda a cidade de Manaus, além de construir um novo Centro Histórico. Cadê o novo Centro, igual a cidades de Portugal e da Espanha? O que ele inaugurou em Manaus? Inaugurou a Ponta Negra, que é um projeto do Governo Federal e iniciado pelo governo municipal anterior. E o Mercado Municipal estava pronto há (sic) sete anos, faltavam apenas mínimos detalhes. O transporte coletivo não mudou uma vírgula. É tudo ilusionismo, não houve melhoria alguma, um caos.

Portal 
– O senhor quer dizer que a administração Amazonino Mendes foi melhor do que a atual administração municipal?

Vital 
- O Amazonino apoiou esse cara aí (Arthur), era para ele ter cumprido suas promessas à população. Agora, eu não converso com o Amazonino desde que fui secretário dele, não converso, não é meu aliado e não tenho compromisso pessoal nem político com ele. O PT municipal hoje é independente. Qualquer discussão hoje, seja com Arthur, com Amazonino, seja com quem for, é feita com independência, quero dizer isso com clareza. Não vamos fazer acordos que não resolvam os problemas da cidade, o problema das creches. Cadê as creches que ele (Arthur) disse que ia fazer ? As creches significam recursos federais. Eram 150 creches e ele não conseguiu inaugurar seis em um ano de governo. Os tucanos dizem que nós, do PT, não sabemos administrar nada, mas quem não sabe são eles. Eles sabem, sim, administrar a roubalheira em São Paulo, as falcatruas no Nordeste e em Minas Gerais. 

 
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